quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Mensagem


O Percurso mudou. Cerca de trinta publicações passaram desde que iniciámos este caminho, mais de um ano desde que mostrámos pela primeira vez o nosso olhar sobre o Parkour. Esse olhar foi sempre dirigido pela crença de que o Parkour é algo que não se esgota apenas na sua dimensão desportiva, mas sim algo que vai muito para além disso, que se expande continuamente em todas as direcções, que penetra possivelmente o domínio da estética, das ciências humanas, do entretenimento, da espiritualidade e de tantas outras dimensões da vida cuja compreensão não está ainda ao nosso alcance. Foi com base nesta convicção que tentámos, em todos os artigos, demonstrar como o Parkour podia de facto, de uma forma palpável e real, estar presente em tudo isto, ou então como tudo isto podia estar presente no Parkour, porque se por um lado ele expande-se chegando ao resto, é a sua permeabilidade que permite que o resto aconteça nele. O Percurso seria o canal desta dialética. Se esta demonstração foi ou não bem conseguida não me compete dizer, nem o conseguiria fazer provavelmente. Estou certo de uma coisa no entanto – de que a demonstração não está completa. Mas O Percurso mudou.

Os vossos terminais atestam esta mudança. A nova imagem, agora mais reconhecível e característica mas também mais ecológica, é consequência de outra mudança mais profunda. Esta, prende-se com o facto de eu passar a ser, a partir de agora e por tempo indeterminado, o único autor ativo deste blogue. O contributo do Pedro enriqueceu O Percurso de uma forma decisiva e a admiração que eu sinto por ele não pode sequer ser posta em palavras. Maior ainda é o sentimento de gratidão que apesar de ser exclusivo da esfera pessoal, não posso deixar de tornar público. Se acompanharam os últimos artigos que foram publicados no blogue conhecem as razões que o levaram a esta decisão. Esse artigo é um documento de profunda eloquência que vai muito para além daquilo que são as suas motivações pessoais deixando os leitores com uma pergunta incómoda mas pertinente a que responder sobre as suas próprias motivações perante a vida. Na sua função de arquivo, O Percurso será um espaço mais rico e recheado com este e todos os outros artigos do Pedro, pelo que a continuidade da sua influência não terá impedimentos, barreiras ou obstáculos.

A rede chega a todo lado.

E O Percurso mudou. E como referi estou convencido de que o trabalho ainda não está terminado, de que a demonstração não está completa. E é da própria essência do Parkour julgar que nunca estará, que o caminho é contínuo e que não há um fim à vista, que não há medalhas de ouro para ganhar, que não há um pódio mais alto do que todos os outros para subir. E assim, a palavra longe não tem significado possível. E é lá que quero chegar. E é com uma convicção renovada e uma determinação fortificada que darei continuidade a esta procura. E este blogue, farol de luz discreta mas constante, será, como sempre, o porto seguro onde sei que posso voltar para repousar, pensar e imaginar novos destinos para um percurso que não tem fim.

No entanto esta mensagem não estaria completa sem um apelo que eu sinto urgir. No sentido de reforçar a vitalidade deste blogue, agora com a participação de apenas um autor, é o meu desejo que os leitores tenham um papel ativo nos conteúdos que são publicados, que intervenham, que não se coíbam de concordar ou discordar, que manifestem a vossa opinião. Para esse efeito os espaços reservados aos comentários são perfeitamente capazes de servir esta discussão e debate, aquilo que eu julgo ser a mais importante força para o desenvolvimento das ideias que os artigos sugerem. A sua continuidade fica sempre nas vossas mãos pois os textos, os vídeos, os artigos novos e antigos não são mais do que enunciados a preencher, a verdade que neles existe só se verifica quando a leitura crítica que deles fazem tem uma repercussão no vosso pensamento, nos vossos treinos, no vosso Parkour ou no entendimento que fazem dele. É essa repercussão, de pequena ou grande dimensão, que eu gostaria que fosse partilhada pois tal como uma faísca pode ser o prelúdio de uma labareda, também essa partilha pode certamente originar outras questões, temas ou assuntos tão ou mais válidos que o primeiro. Assim, espero que O Percurso seja cada vez mais sinónimo de ponto de passagem para todos vós.