A serra mostrou-se à nossa frente na manhã de um sábado com sol e uma temperatura amena. Antes de começarmos tive a sensação de estar à beira de um momento importante, uma descoberta, uma experiência intensa. Éramos dois a subir.
Primeiro as ruas da vila, íngremes e estreitas. Depois a estrada que abraça a serra. E finalmente o bosque. Escolhemos fazer o caminho a direito, o mais possível. Surgisse o que surgisse queríamos seguir em frente e tentar por tudo ultrapassar as dificuldades - muros em ruínas, silvas, fragas, árvores caídas, muita terra... O bosque foi ficando progressivamente mais despido e escarpado até que chegámos a uma imensa penedia que anunciava a aproximação ao topo. A escalada exigiu toda a força de braços e pernas que o treino havia conquistado, a irregularidade dos apoios pôs à prova todas as competências adquiridas. Compreendi que muitas delas nunca haviam sido verdadeiramente testadas mas por outro lado senti que estavam prontas, aptas, ansiando em segredo por este desafio.
O Remy, mais alto, chegava com menos apoios ao cimo dos penedos. Eu, mais pequeno, entrava pelas aberturas nas rochas e rastejava com mais facilidade. Até que chegámos ao topo dos rochedos e ao último desafio. A muralha do castelo, vertical à nossa frente, oferecia a subida mais exigente de toda a escalda. Usando as reentrâncias na parede subimos passo a passo, testando todos os apoios até tocar com as mãos nas ameias do castelo. Um último impulso e estávamos seguros no interior das muralhas.
Ao pousarmos as malas, feitas pesadas para optimizar o treino, senti-me invadido por uma sensação boa. Lá em baixo estava uma miniatura da vila de Sintra, brilhante sob o sol do meio-dia e ao longe, mergulhado numa leve neblina, o filão de onde originei, suburbano de possibilidades.
Primeiro as ruas da vila, íngremes e estreitas. Depois a estrada que abraça a serra. E finalmente o bosque. Escolhemos fazer o caminho a direito, o mais possível. Surgisse o que surgisse queríamos seguir em frente e tentar por tudo ultrapassar as dificuldades - muros em ruínas, silvas, fragas, árvores caídas, muita terra... O bosque foi ficando progressivamente mais despido e escarpado até que chegámos a uma imensa penedia que anunciava a aproximação ao topo. A escalada exigiu toda a força de braços e pernas que o treino havia conquistado, a irregularidade dos apoios pôs à prova todas as competências adquiridas. Compreendi que muitas delas nunca haviam sido verdadeiramente testadas mas por outro lado senti que estavam prontas, aptas, ansiando em segredo por este desafio.
O Remy, mais alto, chegava com menos apoios ao cimo dos penedos. Eu, mais pequeno, entrava pelas aberturas nas rochas e rastejava com mais facilidade. Até que chegámos ao topo dos rochedos e ao último desafio. A muralha do castelo, vertical à nossa frente, oferecia a subida mais exigente de toda a escalda. Usando as reentrâncias na parede subimos passo a passo, testando todos os apoios até tocar com as mãos nas ameias do castelo. Um último impulso e estávamos seguros no interior das muralhas.
Ao pousarmos as malas, feitas pesadas para optimizar o treino, senti-me invadido por uma sensação boa. Lá em baixo estava uma miniatura da vila de Sintra, brilhante sob o sol do meio-dia e ao longe, mergulhado numa leve neblina, o filão de onde originei, suburbano de possibilidades.
2 comentários:
Uma boa experiência, um bom treino, certamente a repetir um dia.
Bom texto!
Fiquei bem impressionado pela forma como entendem o parkour...
gostaria mesmo de marcar essa entrevista.
E talvez trocar umas impressões acerca do trabalho.
Creio que seja a primeira abordagem
"cientifica" que se faz acerca do parkour na Faculdade de Motricidade Humana.
Como tal, não existe bibliografia.
O Parkour é um mundo muito interessante para quem se interessa pelas manifestações do corpo.
A forma como pode pode permitir educar em contextos diferentes, em espaços onde não existe investimento em espaços desportivos.
A forma como se atreve a prolongar a infância, na continua busca criativamente redescobrir o espaço.
Interesso-me por saber quais são as razões que vos levam a pratica-lo.
O que significa para vocês um banco do jardim ou um corrimão
Interessa me também a filosofia que está por trás dessa prática um desenvolvimento meramente físico ou intimamente relacionado com a vossa maneira de estar e de interpretar os desafios da vida...
Estes são alguns tópicos que me propus a desenvolver.
Como podem verificar está muito relacionado com uma perspectiva filosófica.
Espero sinceramente ter hipótese de partilhar convosco o desenvolvimento deste trabalho.
Parece-me que têm um testemunho muito importante a transmitir.
desde já obrigado.
Espero que nos encontremos em breve,
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